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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Sistema de Ensino Superior é demasiado GRANDE

O sistema de ensino superior é demasiado grande

 

No passado dia 5 de Outubro o Reitor da Universidade do Porto concedeu ao expresso uma entrevista, que pouco comentada tem sido, mas na qual afirma "O sistema de ensino Superior em Portugal é demasiado grande ".

Nada mais certo; é uma verdade inquestionável que, sistematicamente, todos nos recusamos a debater.

Conscientemente utilizei, no parágrafo anterior, o pronome no plural: "todos nos recusamos a debater", é pois útil definir quem somos TODOS.

Na sua entrevista José Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto, defende a intervenção do Ministério da Educação e Ciência na redução da oferta das instituições, que considera excessiva. Concordo totalmente mas é necessário que o CRUP (o conjunto dos Reitores, principalmente) o CCISP (o conjunto dos Presidentes dos Politécnicos), os representantes das Associações Académicas, os Sindicatos e a sociedade civil, de uma forma geral, se aliem a este debate.

Tal como eu vejo este assunto, todos temos uma ideia de que o sistema (a rede como se usa dizer) está desregulado, mas ninguém avança com propostas concretas e pró-activas que permitam, pelo menos, iniciar uma discussão ponderada e produtiva.

Sistematicamente o assunto vem à baila, mais ou menos por altura da discussão do orçamento e/ou da divulgação dos resultados do concurso nacional de acesso.

Aliás, até os media só se lembram que há Instituições de Ensino Superior nestes períodos do ano, que decorrem, geralmente, entre Junho e finais de Setembro.

Durante estes meses, ouvem-se queixas sobre as diminuições dos orçamentos, que são na realidade quase que escandalosas, e enchem-se páginas de jornais com números de cursos que ficaram com poucos alunos ou vazios.

Nunca, ou raramente, a propósito destes cursos vazios, qualquer órgão de comunicação social refere o facto de que fechá-los, como muitos argumentam, implicará despedimentos, também nunca se relaciona o "fechá-los" com a possibilidade de o orçamento ser mais bem distribuído pelos que restarem. Infelizmente, no geral, as notícias são vazias de conteúdo e destinam-se apenas a ser sensacionalistas.

Avançar com uma proposta para regular a rede, que permitiria ao contribuinte, a todos nós, poupar e tornar mais eficiente o dinheiro que o estado despende com sistema público de ensino superior, não se vê realmente (já aqui referi que a fusão da UTL com a UL não teve esse objectivo!).

E porquê esta inactividade?

Porque é difícil!

- O Ministério defende-se com a autonomia das Instituições de Ensino Superior;

- As Universidades, no geral, com o facto de estarem melhor do que os politécnicos;

- Algumas Universidades, em particular, defendem-se com o facto de serem "melhores" (leia-se terem mais alunos) do que outras, logo o problema não lhes diz respeito;

- Os politécnicos defendem-se com o facto de terem uma oferta "diferente" (essa diferença surge realmente quase que só, no entender dos mesmo politécnicos, a propósito deste debate);

- Os sindicatos, não querem mexer em algo que poderá, eventualmente, causar problemas laborais complexos e difíceis de resolver;

- As associações académicas apenas se ouvem, realmente, para reclamar bolsas de estudo e para se queixarem das propinas;

- Para os media vendem mais as notícias sensacionalistas;

- A sociedade civil está demasiadamente preocupada com o que se deve "cortar" nos outros para iniciar, a este propósito, uma discussão séria.


Na verdade José Carlos Marques dos Santos tocou nos pontos sensíveis:

- Oferta demasiada;

- Os mesmos cursos a menos de 40 km de distância uns dos outros;

- Cursos com número máximo de alunos de 20, economicamente insustentáveis;

 

Mas, e principalmente referiu também: "não defendo que se fechem as Instituições do interior …"

 E é neste ponto que tudo se complica! Porque alguma coisa terá que ser "fechada", ou terão que se fazer consórcios, terá que se partilhar corpo docente, enfim, há que ter uma IDEIA, uma visão sobre onde se quer chegar, como se pode lá chegar e quando se quer lá chegar!

 Resumindo:

A DISCUSSÂO tem que se iniciar, e já vamos tarde para isso, estamos há anos a reclamar de orçamentos e, se quisermos ser justos, sabemos que não há forma, na actual situação, provavelmente também nas anteriores, de o Estado conseguir transferir o orçamento que TODAS estas instituições necessitariam para poderem dar aos cidadãos o MELHOR ENSINO possível.

E é disso que necessitamos!

Como disse Nelson Mandela: "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

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